terça-feira, 7 de julho de 2015

Couvert Artístico: pagar ou não pagar?


Olá, meus amigos!

Hoje venho falar de um assunto que gera alguma polêmica, porém mais pela falta de conhecimento do que pela cobrança propriamente dita: o couvert artístico.

Antes de tudo, convém deixar claro o que é o couvert artístico. Não confundir com a palavra cover (lê-se: côver), que, segundo o Michaellis, diz-se do que tem semelhança com alguém ou o copia de alguma forma. O cover do Elvis Presley é um artista que imita o Elvis. A banda Sete Cidades é uma banda cover da Legião Urbana.

Já o couvert (lê-se cúvér) é uma taxa cobrada em bares que apresentam música ao vivo.



Ao contrário do que muitos pensam, a cobrança do couvert artístico é legal e prevista no Código de Defesa do Consumidor. Se é legal, por que muitos bares aceitam retirar a taxa da comanda a pedido do cliente? Simples, sendo o couvert uma taxa geralmente pequena, o gerente prefere não criar caso.

Segundo o CDC, a cobrança do couvert é permitida mas tem que ser avisada. Ou seja, a informação sobre a cobrança deve estar em local visível para o cliente, preferencialmente na entrada do estabelecimento ou no cardápio. Interessante notar que, muitas vezes, o cliente paga os 10% do serviço (esse sim um pagamento facultativo) mas exige a retirada do couvert sob diferentes desculpas. Mas será que o cliente realmente sempre tem razão?


Mesmo o cliente achando, por desconhecimento, que o pagamento do couvert é facultativo, acredito que em primeiro lugar vem a boa-fé. Se você foi a um estabelecimento com música ao vivo, e está sabendo que será cobrada a taxa, por que não pagá-la? Esse é o primeiro ponto.
O segundo envolve o respeito ao trabalho daquele que está ali para tornar seus momentos naquele local mais agradáveis: o músico. Vamos pensar em duas situações comuns nos bares: na primeira, o músico recebe o valor integral do que a casa arrecadar com o couvert. Na segunda, o músico recebe um cachê fixo, independente do valor arrecadado.

Se o estabelecimento onde você está paga ao músico o valor do couvert artístico, não pagar essa taxa é prejudicar diretamente o artista. O couvert artístico é uma taxa pequena, geralmente fica em torno de cinco a dez reais. Já vi clientes pagando contas de 300 reais e pedindo pra tirar o couvert de 7 reais! É, no mínimo, incoerente. A única "justificativa" que encontro é o velho jeitinho brasileiro de querer levar vantagem em tudo.


Ao final do show, o músico vai receber o seu cachê e percebe que o valor recebido foi totalmente desproporcional ao público presente na casa, isso num cálculo rápido que ele fez observando a lotação daquele dia. O gerente lhe avisa: muitos não pagaram o couvert. E o músico engole a seco aquelas palavras, sentindo-se inevitavelmente lesado.

A alternativa a essa situação é o acordo de um cachê fixo para o músico. Eu, particularmente, só trabalho dessa forma, pra não ter dor de cabeça. "O combinado não é caro", diria o velho deitado.

Mas, nesse caso, será que não pagar o couvert vai prejudicar o músico? Afinal, ele receberá o cachê dele independente do meu pagamento, certo?


Errado, mais uma vez. A casa conta com o valor arrecadado na forma do couvert para pagar seus músicos. Muitas delas utilizam uma compensação: arrecadam mais nos dias mais movimentados e pagam os músicos dos dias menos movimentados mesmo arrecadando, naqueles dias, menos do que o necessário para o cachê do músico.

Não pagar o couvert, nesses casos, prejudica o músico indiretamente. Analisando que muitos clientes estão pedindo para não cobrar o couvert, o dono do bar pode interpretar que aquele músico não está agradando. Já vi clientes que se divertiram durante horas, pediram música, cantaram juntos, e na hora de pagar a conta pediram para tirar o couvert. É justo? Com essa atitude, você pode estar tirando o trabalho do artista.

Pense nisso.

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Abraços do Luiz França.