quinta-feira, 21 de março de 2013

Emilio Santiago - nos despedimos de um ícone

Perdemos uma joia da Música Popular Brasileira.
Uma joia que estava, como tantos outros talentos, esquecida e ignorada pela mídia - essa mídia que insiste em vomitar nas nossas televisões e nos nossos rádios as porcarias que a falta de cultura digere feliz e conivente.

Mas Emilio, à revelia disso tudo, já é eterno. Através da sua obra, inquestionável, ele terá seu nome gravado no mármore perpétuo da boa música nacional, que será sempre acessada por aqueles que já se acostumaram a irem buscar aquilo que desejam, enquanto alguns continuam aplaudindo a migalha que lhes é entregue pelas grandes gravadoras e os empresários ávidos pelo dinheiro fácil do lixo musical sem qualquer trabalho artístico ou literário.

Obrigado, Emilio, pelos tantos bons momentos que me proporcionastes, como nos diversos casamentos em que tive a oportunidade de cantar essa obra prima composta por Verônica Sabino e arrepiante na sua voz forte e marcante: (pause o player de música ao lado antes de assistir ao video)

sábado, 16 de março de 2013

Fofocas da era digital


As redes sociais podem ser extremamente perversas às vezes. A agilidade, o desejo de popularidade, a própria dinâmica do Twitter e do Facebook, tão positivas na maioria das vezes, podem ser usadas para o mal – como para espalhar calúnias e difamações sobre as pessoas. Dois casos recentes são tristes exemplos disse: um contra o Papa Francisco, outro contra o deputado Jean Wyllys.

Circula por aí que o então cardeal Jorge Mario Bergoglio teria dito: “las mujeres son naturalmente ineptas para ejercer cargos políticos. El orden natural y los hechos nos enseñan que el hombre es el ser político por excelencia; las Escrituras nos demuestran que la mujer siempre es el apoyo del hombre pensador y hacedor, pero nada más que eso”. Uma busca no Google indica o seguinte: apenas blogs mencionam esta frase. nenhum jornal a reproduz. E mesmo os blogs que a citam dizem que foi em 2007, mas não informam onde teria sido nem em que contexto. Acrescentam apenas que a Telam, a agência de notícias do governo argentino (que detesta Bergoglio) publicou isso. No entanto, quando se faz uma busca na Telam, a frase não aparece. Fiz duas buscas no Google restritas apenas à Telam: uma procurando a frase exata; outra mais ampla, procurando os termos “Bergoglio” e “mujeres”, juntos. Não encontrei a tal frase em nenhum dos casos. Para fazer essas buscas no Google apenas na agência oficial, coloquei os seguintes termos no campo de pesquisa: “las mujeres son naturalmente ineptas” site:http://www.telam.com.ar e Bergoglio mujeres site: http://www.telam.com.ar . Repita-as e aprofunde-as se desejar.

Não posso afirmar com certeza que a frase atribuída a Bergoglio é falsa, mas não encontrei nenhuma prova de que seja verdadeira.

O outro caso é uma frase atribuída a Jean Wyllys: “A bíblia é uma piada, quem crê nela é palhaço, e as igrejas são uns circos. Pronto falei!”. Em seu Twitter, o deputado nega a autoria da frase. Penso que isso basta para considerá-la falsa realmente.

Esses dois casos levantam dois problemas: o primeiro são as pessoas perversas que inventam frases e atribuem aos outros, com o intuito claro de denegrir sua imagem. Isso é falsidade, é maucaratismo, pois essas pessoas sabem que as frases são falsas. São mentirosos da pior espécie. Cometem crime de injúria.

O outro problema é replicar essas frases sem checar. Há pessoas que acham que pelo simples fato de alguém ter compartilhado, elas são verdadeiras. Isso é a fofoca, a maledicência da era digital. Nada difere daqueles que passam uma fofoca pra frente e acrescentam “eu não sei de nada, mas é o que estão dizendo…”

Se você se aborrece com as falsidades atribuídas às pessoas de quem você gosta, deveria ter o mesmo sentimento com relação às mentiras que circulam sobre as pessoas de quem você não gosta. Veracidade, honestidade, justiça. São valores fundamentais.

Portanto, só compartilhe coisas se você realmente tiver certeza, se tiver checado. E mesmo quando tiver certeza, pense duas vezes antes de compartilhar.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Tempo de Mudança

(Permitam-me abrir uma brecha no assunto do blog, mas não posso me calar)

O povo, historicamente, acostumou-se a ser comandado. Obrigado, barões, por nos dirigir o caminho. Ave, Cesar. Até Jesus disse: "Dai a Cesar o que é de Cesar", contextualmente respondendo a pergunta que não queria calar no seio dos judeus: é justa a cobrança de impostos por parte do governo de Roma?
Mas hoje é um novo tempo. Precisamos de um povo presente, um povo que não sinta enfado em se inteirar dos assuntos pertinentes a nós mesmos, porque política não é uma cordilheira distante que ficamos a admirar porque alguns poucos corajosos se dispuseram a escalar. Política é parte integrante do nosso dia-a-dia, influenciando inclusive esse dia-a-dia mesmo à nossa revelia.

Uma reforma política se faz necessária e só conseguiremos isso com união, com voz. Como a mulher que cansou de aguentar calada os desmandos de um marido autoritário e violento e, apesar de saber que não será nada cômodo tomar uma atitude, ela diz "basta" e toma as rédeas da sua vida. Estamos a apanhar há séculos, por culpa de nós mesmos, de um sistema que foi criado por uma minoria detentora do conhecimento, da informação, do poder enfim. Do dinheiro, também, mas isso não é tão relevante, apenas ajuda a controlar outros tantos sem caráter como eles, pra que o sistema continue funcionando.

Estamos vivendo um tempo em que esse poder - o do conhecimento e da informação - está ao alcance de todos. Porém, como o cego que não quer ver, ainda insistimos em mudar de canal, em clicar em outros links, em mudar o rumo da conversa. O alto custo dos parlamentares não tem graça na mesa de bar, ainda que você esteja pagando isso na porção de salgadinho que o garçom lhe serve. O sujeito ficha suja que assumiu um determinado cargo eu nem conheço, mas aquele que está pra ser eliminado no reality show da tv eu sei até a personalidade.

Amigos, precisamos mudar nossa mentalidade, sei que o meu desabafo não é nem um pouco acadêmico ou rico em argumentações da poderosa psicologia, mas vem de um coração cansado de perceber que estamos num mesmo barco, responsáveis, ainda que não notemos, pelo movimento desse barco e por aqueles que operam seus controles. Somos, aliás, patrões deles - pagamos os seus salários para que ocupem os cargos necessários ao funcionamento de uma sociedade que quer pagar seus impostos, mas precisa - e merece - que esses recursos sejam utilizados para melhoria e bom andamento da nossa vida nos seus menores detalhes, não apenas para sustentação de uma máquina governamental que distribui altos benefícios a quem não faz nada pra justificar a posição que ocupa.

Espero que os movimentos iniciados em 2013, que começaram com a indignação de muitos com a posse de Genoíno após a condenação no processo do Mensalão, caminhem para uma consciência política duradoura e sustentável, culminando nas eleições de 2014. Acho que é a hora de esquecermos os partidos, que aliás nem pelos próprios candidatos são respeitados e que perderam toda a ideologia que diziam ter no passado. O momento é de escolhermos pessoas, com base em seu histórico e idoneidade, como fazem conosco na hora de tentarmos um emprego novo. Vamos extirpar a corrupção da nossa vida!